quarta-feira, 10 de junho de 2015

APS Review House of Cards | 3x08 "Chapter 34" - "People can't work if they're de...

APS Review
House of Cards | 3x08 "Chapter 34" - "People can't work if they're dead."

O choque entre Claire e Francis parece ter amenizado um pouco em Chapter 34, mas agora aproxima-se outra tempestade, literalmente falando. A costa americana está em alerta furacão, cujos danos podem tentar ser controlados com um mínimo de oito milhões de euros. Os dois partidos caem agora em cima do Presidente como nunca, aliados aos media, insistindo na aprovação da lei que o proíbe de utilizar os fundos de emergência no seu programa de criação de trabalho.

Frank Underwood quer levar a AmWorks o mais longe possível. Depois de anunciar, no início da temporada, que não se voltaria a candidatar em 2016, como poderia o homem admitir que, no seu mandato, nada de significante se tivesse passado? Basta ver o facto de que está disposto a deixar a costa americana à mercê de um furacão para arranjar postos de trabalho. É-lhe enviada a “bill” para assinar e a caneta começa a pesar nos dedos com a tomada da decisão.

No jogo de campanha, mesmo quando Dunbar começava a ganhar cada vez mais apoiantes, Doug dá a sugestão estratégica de ela se encontrar com Jackie e tentar convencê-la a juntar-se a si, afastando-se da campanha durante um período para se dedicarem a voluntariado nas zonas afetadas pela tempestade. Jackie é apenas um peão de Underwood, a sua função é meramente roubar o máximo de atenção a Dunbar – em especial – e, no final, recuar de novo para a equipa de Underwood. Uma manobra de distração. Seria de esperar, sendo um investimento do Presidente, que qualquer decisão passasse, primeiramente, pelo mesmo, mas Jackie antecipa-se e decide aceitar a proposta de Dunbar, juntando-se a ela na viagem pelos Estados afetados, desviando os doadores de cada uma das campanhas para a Cruz Vermelha. Mas não é preciso Jackie informá-lo depois: Doug fá-lo. Quando me tinha convencido minimamente que era Dunbar para sempre, o ex-moço de recados do Presidente volta a aliar-se a Underwood. Mas no meio disto tudo, qual o objetivo? A ideia de Dunbar se afastar é, de facto, boa. Encaixa com o perfil dela. Com isto, apenas prejudicou Jackie, mas isso o que lhe dá? Frank fica fulo, claro, mas a verdade é que, tal como Sharp defende, se ela não o fizesse, isso poderia virar-se contra si. Assim estão as duas fora do jogo por momentos, o que talvez tenha garantido a Jackie alguns pontos.

O maior tubarão do Telegraph continua à solta. Desta vez não espera, prepara os dentes para o ataque. Baldwin vai compondo um texto em que associa a tempestade Faith a Underwood, despindo todos os seus feitos, destacando o quão fora de controlo está, ultrapassando limites, ignorando “precedentes, a convenção, e alguns diriam, a lei”. Recorrendo ao paralelismo, tão presente nesta terceira temporada, Yates narra o seu texto, onde um pequeno rapaz nada sozinho, contra os seus amigos que ficaram em terra e contra a corrente, para chegar à outra margem do rio; a certa altura, o rapaz atinge o ponto onde não há retorno.

A pressão aumenta a cada dia que passa e Frank acaba por assinar a lei que dá um grande pontapé orçamental na AmWorks. Apesar de tudo, e eu nem começo por desmembrar o tudo, porque isso seria no mínimo trabalhoso e desnecessário, qualquer pessoa do outro lado do ecrã só quer ver Frank Underwood bem sucedido nos seus projetos e manhas. É impossível não acompanharmos o sentimento de impotência e derrota que o vai consumindo até ao momento da assinatura; mas aquando da assinatura, aí sentimos que, apesar do quão ambicioso fosse o seu projeto, ali estava-se a fazer o correto. Mas quando é lançada a notícia de que o furacão saiu da rota prevista, não causando estragos que necessitassem de nem perto oito milhões de dólares, então aí é que o sentimento de impotência cresce e o “não, não, não” nos sai da boca. A assinatura está dada, os fundos da FEMA não podem ser usados agora, pelo que a dor cá dentro é ainda maior do que na desistência. Mas o projeto não é algo pensado como plano de diversão – o Presidente ama de facto toda a ideia que, sem dúvida, o colocaria num pedestal da política americana. É hora de uma reviravolta: Underwood vai-se candidatar em 2016. Ele já provou que a AmericaWorks tem pernas para andar. O trailer foi lançado no seu primeiro mandato, mas o filme vai ser no segundo. Investir em Underwood, é investir na AmericaWorks. E a AmericaWorks, “works”.

O romancista está de novo ao ativo, talvez agora com um papel ainda mais importante, quando parecia que o projeto ia por água abaixo. Yates podia estar a escrever sobre o rapaz que, no final, não chegou ao outro lado do rio, mas agora a história pode ser sobre esse mesmo rapaz que, num outro dia, sem ninguém à espera, voltou a atirar-se de cabeça à água, desta vez já preparado para a corrente, e partiu em busca do que outrora falhara em conseguir. Pode ser que o processo de escrita possa ser interrompido, por vezes, com visitas da jornalista do Telegraph, recentemente mais íntima com Thomas. Qual melhor fonte do que o escritor pessoal do Presidente? Contudo, Yates é um indivíduo bastante constante e confiável. Não será fácil para Kate.

O mais famoso cozinheiro de costeletas volta ao ecrã, desta vez para demonstrar os cortes na AmWorks e para acabar a trabalhar nos jardins da Casa Branca. Mas para aqueles que pensam que agora é novamente a amizade do Presidente e Freddy com todos os sorrisos, atenção, porque Freddy conhece Frank há muito tempo e, mais que isso, conhece a natureza de promessas falsas de um Presidente.

Inevitável é a palavra que melhor descreve a situação em que atualmente se encontra Frank Underwood. Mais episódio, menos episódio tê-lo-íamos lado a lado com Heather Dunbar e os restantes de quem ainda não ouvimos falar. Sabemos que as suas promessas flutuarão à volta do projeto pelo qual tem vindo a lutar tão afincadamente, e se há coisa que ganha eleições, são empregos, e Underwood já provou que o consegue fazer.

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Autor: APS Portugal

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